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sábado, 11 de junho de 2011

Especial "Dia Dos Namorados" Lado B - Diego Assunção


Essa é a seleção para quem vê no amor um sinônimo para a dor. Para todos aqueles amantes solitários, apaixonados não-correspondidos, homens e mulheres traídos ou abandonados. São canções que, ao invés de incentivarem um suicídio coletivo, espero que sirvam como um alento. Afinal, as canções descritas abaixo provam que vocês não estão sozinhos:


Billie Holiday – My Man

Quem já visitou a biografia da cantora no Wikipédia, deve ter lido um punhado de suas histórias de amor. No universo amoroso de Billie Holiday, palavras como submissão, espancamento e cafajestismo andam ao lado do amor incondicional feminino. My Man é um resumo do “amor bandido” para sempre eternizado na trágica e fantástica voz da intérprete.




Hank Williams – Cold, Cold Heart

Talvez não tenha existido cantor que mais sofreu nas mãos das mulheres do que Hank Williams. Suas melhores músicas são sempre embaladas pela dor nos cornos, crônicas de um pobre diabo traído por mulheres frias. Nenhuma canção resume melhor a carreira do cantor e seu tema obsessivo do que essa. O título já diz tudo.




Nick Cave & The Bad Seeds – Henry Lee

Essa música compõe o álbum que tem por nome o revelador “Murder Ballads”. E é exatamente uma balada de assassinato sobre um crime passional que a mente doentia de Nick Cave aborda aqui. Adepto de um romantismo não-ortodoxo, ele brada versos do tipo: “Ela se inclinou sobre uma cerca/ Só para um beijo ou dois/ E com um pequeno canivete em sua mão/ Ela o apunhalou firmemente”.





Iggy Pop – Cry for Love

Iggy Pop já uivou e se pôs de quatro a proclamar “Eu quero ser o seu cachorro”. Mas acho que o ponto alto de suas canções de amor bandido se encontra aqui. O mais bronco dos broncos grita e chora por amor e não teme confessar isso a anunciar que “às vezes meu auto-respeito fica em segundo lugar”. Porém, nem tudo está perdido para um romântico como o iguana, principalmente quando ele canta esperançoso ao final: “se você estiver a chorar por amor, ainda há uma possibilidade para você e todos conseguirem isto”.




Jackson C. Frank – Milk and Honey

A versão de Nick Drake é a mais conhecida. Mas a versão original, cantada pelo obscuro Jackson C. Frank é imbatível. A voz é cavernosamente triste e o dedilhar no violão deixa a impressão de que até o instrumento seria capaz de entrar em depressão e querer se jogar de uma ponte. Essa é a combinação da melodia, este é tom da tragédia a narrar um amor que caminha na contramão, em desencontro, na perdição total.

Especial "Dia Dos Namorados" Lado A - Diego Assunção


Fazer uma lista de “canções de amor” é sempre uma tarefa árdua. São tantas inesquecíveis. Poderia apelar para as mais célebres e infalíveis. Sinatra, Ella Fitzgerald os Beatles, Roberto Carlos? Sim, é verdade. Mas preferi seguir por outro caminho. Assim, não espere um pingo de racionalidade ou coerência. O critério usado foi a total ausência de critério. Método questionável, hein? De cara, digo que as escolhas são aleatórias, resultantes de uma fraca memória, uma preguiça extrema e um subjetivismo confesso... Todos ingredientes que levam a discórdia. Então, vamos lá:


Cat Stevens – How Can I Tell You

Ele já cantou sobre a fé, pais e filhos, o vento... Sobre o amor, esse sentimento indizível, Cat Stevens não poderia ter sido mais preciso: “Como eu posso te dizer que eu amo você/ Eu amo você, mas não consigo pensar nas palavras certas para dizer”. Versos assim são o suficiente.




Leonard Cohen – I’m Your Man

Com essa canção, Leonard Cohen tenta provar que faria tudo para conquistar a mulher amada. “Se quer um boxeador, entro num ringue por você/ Se quer um médico, eu examino cada centímetro seu”, professa antes de se ajoelhar, implorar e pedir pelo amor que parece hesitar. Com senso de humor aliado à tragédia, o trovador canadense afirma aquilo que ninguém ousa desmentir: não há limites para o amor.



Solomon Burke – If You Need Me

Eis aqui uma daquelas músicas que o artista parece ter feito com o objetivo de reconquistar um amor perdido. A voz de Solomon Burke e a intensidade – sempre a plenos pulmões - com que ele se põe a cantar é a mais perfeita representação de quão devoto deve ser aquele ser que ama. Mais do que cantar, Burke clama. A isso denominamos uma música de amor.



Frankie Valli & The Four Seasons – My Eyes Adored You

Não poderia faltar na lista um cânone do gênero. Da mesma trupe do Frankie Valli, muitos prefeririam escolher o óbvio, como a música de todos os casamentos “Can’t Take My Eyes Off You”. Eu fico com essa, a canção síntese do amor platônico. O músico canta e relembra o amor inocente da infância, por aquela garota que amava só de olhar e nunca teve a chance de tocar. Cafona? Pode ser. A beleza do amor, às vezes, está em sua cafonice inerente. Item indispensável, portanto.



The Rolling Stones - Let’s Spend the Night Together

Eis aqui o máximo de romantismo que podemos encontrar numa música de Jagger-Richards. Um chamado à chincha ao amor. Amor pela ótica do rock n’ roll. Ou seja, apelando ao que ele tem de mais fugaz, insano e inconseqüente. Pode até parecer uma contradição, mas é nisso que Jagger e companhia acreditam: guiar-se pelos instintos, buscar o prazer. Chame isto de amor, paixão, sexo... São palavras ao vento. Não importa o nome que se dê a isso, mas sim o sentimento contido e a maneira como se consegue expressá-lo (geralmente guiado pelos habituais “na na nas” do vocalista).

sexta-feira, 10 de junho de 2011

“Piratas do Caribe” é o filme do século XXI


Desde o primeiro exemplar, a saga dos “Piratas do Caribe” mostrou-se como um oportuno produto do seu tempo. Cada um dos filmes está contaminado por tudo aquilo que o seu público-alvo anseia. Histórias rocambolescas e efeitos especiais atraentes são o bastante para satisfazer as taras por inovações do seu espectador e, por conseqüência, ludibriá-lo com isso ao ponto de tornar irrelevante a falta de substância das obras.

Ao mesmo tempo em que dispõe de atrativos para agradar facilmente o seu público, a série se impõe como um reflexo dessa cultura ao qual se insere. A cultura ao qual se insere esses piratas é a da infantilização do ser humano e ela se percebe quando descobrimos que a franquia foi inspirada numa atração de um parque de diversões. Só isso basta para constatar a infantilidade do projeto e também a imaturidade do público que vibra com ele.

Os defensores dos “Piratas do Caribe” costumam usar o prestígio de Johnny Depp como ator para justificar o injustificável. Dizem que o filme é bom por não se levar a sério e que o ator é o responsável por esse suposto despojamento, emprestando sua própria excentricidade para compor a caricatura do seu personagem.

Esse argumento é válido parcialmente. Primeiro porque se há graça nessa balbúrdia, essa comicidade existe por ser uma novidade, já que possivelmente foi a primeira vez que Johnny Depp se despiu de qualquer senso de ridículo.

Ver pela primeira vez o ator caminhar daquela maneira desequilibrada e afetada, com os braços estendidos ao alto como se fosse um equilibrista ébrio, pode realmente ser algo muito cômico. Mas não é um humor que se sustenta por quatro longuíssimos filmes. Na enésima vez, já não queremos rir, mas arrancar a poltrona no cinema com as unhas por gastar vinte mangos num divertimento tão rasteiro.


E o problema dos “Piratas do Caribe” é esse. Os filmes dependem demais da inspiração do seu ator para atrair o público. É uma combinação manjada e irritante de exibicionismos: o do ator e dos efeitos especiais contidos nas produções.

Se o ator faz uma paródia de si mesmo, dessa imagem de “o estranho” ao qual se tornou ícone, o filme não vai mais longe ao tentar fazer uma sátira de desgastadas lendas de um velho gênero, dos filmes de capa e espada.

Se ao menos essa franquia servisse para que os espectadores se interessassem pelos artigos reais – os filmes clássicos do Errol Flynn - e não se contentassem com as meras imitações, como essas versões contemporâneas e modorrentas, já seria o suficiente para enaltecer a existência dela.

Só que o público se contenta com muito pouco. Deleita-se com um punhado de barulho, piadas manjadas, efeitos especiais de última geração. Com isso, fica claro que o público recebe o filme que merece. São cúmplices em suas mediocridades.

Eu recuso “Piratas do Caribe” por princípio. Não acho possível admirar um filme inspirado num parque de diversões. Ser favorável a isso é ignorar o quanto o entretenimento do século XXI se rebaixou.


Quando o cinema era capaz de oferecer diversão de qualidade, daquela que não subestimaria o nosso intelecto ou nos tomaria por débeis mentais, as aventuras fornecidas pelo cinema tinham como fonte de inspiração a literatura de um Alexandre Dumas ou Herman Melville. Hoje nos inspiramos num brinquedo de Play Center? Acho que não evoluímos muito. Talvez para a condição de eqüino.

Não parece mera coincidência a narrativa de este quarto episódio concentrar-se na busca dos personagens pela fonte da juventude. Os piratas querem tanto rejuvenescer quanto os produtores desejam infantilizar o espectador, para que ele aceite de braços abertos toda a porcaria oferecida a ele.

“Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas” é isso: um produto desgastado que insiste em ser jovem. E como bem disse Nelson Rodrigues, “a juventude é um mal que passa”. Espero que isso seja verdade.


* Texto publicado na Folha da Região do dia 09 de junho de 2011.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Johnny Cash e a voz de Deus


Frank Sinatra era conhecido por “A Voz”. Porém, se me fosse delegado para escolher uma voz a representar a divindade, eu escolheria Johnny Cash.

Além de me emocionar com seus covers, ainda impressiona como ele era capaz não só de transformar como elevar as composições de outros artistas.

Escute I Hung My Head na versão original de Sting e depois a cantada por Cash. Com o líder do The Police, ouso dizer que a letra funciona, no máximo, como uma versão correta para uma música de protesto genérica.

A música narra os percalços de um homem após matar acidentalmente um cavaleiro. Pode-se dizer que este conteúdo já seria um material ideal para aquele que se tornou o arauto de todos os renegados após cantarolar “Eu matei um cara lá em Reno só para vê-lo morrer” no presídio de Folsom.

Mas a letra de Sting ganha profundidade não só pelo motivo de Cash ser o pai de todas as baladas criminais. Sob o timbre do “homem de preto”, os versos ressoam como se fossem um testemunho verídico.

É aquela rouquidão. A voz a sair com dificuldades das profundezas da alma. Entonação que ganha lentamente força no refrão que constata o próprio e inevitável enforcamento após implorar o perdão de Deus...


Não há deslumbre ou virtuosismo na maneira de Cash conduzir a canção. É com prudência que ele professa os versos. Não há falsa-modéstia nisso. Apenas uma decisão moral. “Como cantar de outro modo a própria desgraça?”, ele poderia perguntar.

Esse exemplo resume a capacidade que o marido de June Carter tinha de se apropriar de canções alheias ao ponto de torná-las dele. A isso se dá o nome de interpretação. E, de fato, Johnny Cash é reconhecido ao redor do globo como um dos mais importantes intérpretes da música popular norte-americana.

Aos montes de covers que foi erigida a monumental série American Recordings, gravações produzidas por Rick Rubin para o seu selo homônimo. Foi esse projeto o responsável por dar sobrevida a uma carreira tida como encerrada.

Com essa série, Rubin conseguiu a prova definitiva de que não haveria limites para o talento de Johnny Cash. Não importava o gênero ou a popularidade envolvida, o cantor conseguiria destruir rótulos e triunfar com sua personalidade em músicas já consagradas por outros nos ouvidos da multidão.

Com canções retiradas das paradas de sucessos - One, do U2 - ou escavadas do subterrâneo, como Hurt, do Nine Inch Nails, Cash soube incorporá-las em sua trajetória pessoal.

O melhor é que ele não temia refazer canções contidas no templo da música popular. Teve a audácia de remexer em terreno sagrado ao gravar In My Life, dos Beatles.


Com uma nobre alma também tratou todas as canções por igual. Só sua voz ousaria servir como ponte para que Leonard Cohen e Soundgarden caminhassem pela mesma vereda. Do primeiro, gravou Bird on the Wire. Da banda de Chris Cornell, Rusty Cage.

Sua voz era como um milagre. Não diria que agiu como um Midas a transformar tudo em ouro, já que muitas vezes regravou canções que eram por si só tão opulente e brilhante quanto o metal.

Mas ele conseguia o impossível. Tornar ainda melhores canções que já eram imortais. Eu amo as músicas de Tom Petty, mas como não se render à versão de Cash para I Won’t Back Down? E o que dizer dele cantando The Mercy Seat, de Nick Cave?

Dizer que Johnny Cash era um intérprete fenomenal é chover no molhado. A denominação se apequena diante do talento e poder contido em sua voz. É como se a palavra “intérprete” requeresse um novo sentido diante do seu dom. E eu não faço idéia qual seria o termo justo ou ideal.

Só acho que se Deus tem uma voz, ele a roubou de Johnny Cash. Da mesma forma como o cantor roubaste canções alheias para si.

*

Ouça as duas versões de "I Hung My Head":

Sting:


Johnny Cash:

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Idéias debaixo d’água, como anotá-las?

Para Monique. Sem ela este texto não seria escrito (sim, podem culpá-la por isso)

Como nascem as idéias? Sempre considerei que o método diz muito a respeito do trabalho artístico. Portanto, responder a essa pergunta já significa conhecer um pouco do talento de alguém, vislumbrar sua genialidade ou mediocridade.

Para se inspirar, o escritor Ernest Hemingway gostava de se meter em encrencas. Entre suas preferências, constava: se embriagar, caçar e enfiar-se no meio de guerras civis. Seu gosto por esportes como boxe e tourada também já entreviam o estilo viril de sua escrita. Cheio de “cojones” como ele mesmo diria.

Charles Bukowski escrevia numa velha máquina, trancafiado sozinho num quarto pequeno e imundo. Ao som de qualquer rádio que tocasse música clássica, Mahler de preferência, e abastecido por cerveja gelada e vinhos baratos ele destilava sua prosa nua e crua sobre os dissabores da existência humana.

Hunter Thompson escrevia sob a influência de motos envenenadas ou alucinógenos, Henry Miller se motivava por uma vida de promiscuidades em Paris... Todos os exemplos citados comprovam a teoria: um método peculiar gera também um trabalho incomum. Uma maneira pessoal de criar denota uma personalidade forte por trás da criação.

Do lado negativo, podemos dizer que manias excêntricas ou escrotas conseqüentemente são capazes de gerar uma arte igualmente bizarra. Assim, não por acaso Ed Wood era considerado o pior cineasta de todos os tempos. Para escrever roteiros, ele se vestia de mulher (com peruca, casaco de angorá e saiotes e todo o resto). É claro que um indivíduo nunca faria um “Cidadão Kane” com essa fonte de inspiração.

Para além do bem e do mal, creio que nunca deixarei o hall dos medianos. Minha escrita tosca e insossa explica-se pela sua nascença de pouca classe e estilo. Todas minhas idéias nascem debaixo d’água.

Não, não banco o César Cielo, Jacques Cousteau nem Esther Williams para clarear as idéias. Se assim fosse, teria chance de ser um Norman Mailer ou Ed Wood. Não há nada de excêntrico, sequer peculiar ou corajoso em ter inspirações debaixo do chuveiro. No fundo, isso me parece até um método bastante batido, um clichê, no ato da inspiração criativa.



Minhas melhores e piores idéias nasceram durante um banho. A vontade de escrever aumenta quando estou recebendo um jato de água na cabeça. A razão para isso talvez seja um indício de que meu cérebro só funciona no tranco, com pancadas de água gelada. Ou ainda que testemunhar diariamente um sabonete recheado de pêlos, com a aparência de um mini-urso, instiga as idéias mais mórbidas.

Eu costumava achar que a inspiração no chuveiro surgia como um mecanismo de defesa. Primeiro porque sou um cara preguiçoso. Segundo porque deste modo, tendo idéias no chuveiro quando você é incapaz de anotá-las, forja a desculpa perfeita para não colocar as idéias no papel simplesmente para evitar a fadiga. São hipóteses, vai saber...

Até poucos dias atrás, escrever no chuveiro era apenas um desejo proibido. Mais ou menos como aquele impulso transgressor que move um cachorro ao defecar no quintal tão breve a diarista termina de lavar o local. As idéias ocorriam no chuveiro, e lá eu tinha que terminar o banho correndo, todo ensaboado, para anotá-las em algum canto.

Mas meus dias de cachorro ficaram para trás. Porque agora eu tenho um bloco de notas aquático. Ou melhor, um bloco à prova de água. Não sei quem teve a idéia para tão brilhante criação ou se o dono da patente é o Bob Esponja, Aquaman ou a pequena sereia.



Para o resto da humanidade, um bloco à prova de água pode ser visto como um objeto apenas curioso ou simplesmente inútil. Já para um imbecil como eu, é puro ouro. Para alguém que sofria com as idéias fugindo pelo ralo, ganhar um bloco desses é como sentir-se um super-herói. Indestrutível!

Óbvio que um instrumento genial desses em minhas mãos é mais ou menos como Deus dar um pau grande para um portador de impotência sexual. Muito mais útil seria se ele existesse nos tempos de Herman Melville. Já imaginou ele escrevendo Moby Dick in loco com seu bloco indestrutível num barco minúsculo em mar turbulento?

Mas não vamos lamentar a má-sorte de autores mortos. Enquanto meu bloco aquático durar, minhas idéias não mais escaparão pelo ralo, caro leitor. Para a minha sorte ou o seu azar. Deal with it!

sábado, 26 de março de 2011

Trabucast 0# - O Piloto

todos empolgadíssimos com o papo


Você não aguentava mais ler? agora você também pode ouvir. O Trabucast é o nosso podcast que, se tudo correr bem, será gravado e postado no blog semanalmente. 

Por que resolvemos fazer? a resposta está nesse piloto, mas basicamente porque... deu vontade. O que tem nele? fatos relevantes, pelo menos para nós, e comentários sobre as postagens do blog, tudo no mesmo estilo (ou falta dele) que você vê por aqui. Quem está envolvido? Bem, nessa edição zero, estamos eu (Eduardo), Clemerson e Diego (Tião), mas esperamos que a Talita faça parte também, até vamos criar a tag #participatalita no twitter, o TT mundial nos aguarda (ahãm, senta lá). A edição é do Clemerson

Esse piloto é... bem, um piloto. Então tudo está em fase de teste ainda, tudo meio cru, mas não espere nada muito emperequitado nos próximos.

Os assuntos de hoje são:
                                              




Para baixar o Trabucast, basta clicar onde se lê DivShare. Divirta-se, ou não.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Por que curtir Serge Gainsbourg?

 

Ele se chamava Lucien. Tinha nome e apelido de mulher, Lulu.

Mesmo assim, flanou pela vida com virilidade.

Sobreviveu à humilhação de vestir a estrela de Davi durante a ocupação nazista.

Fez sua vendeta ao colocar Hitler pra dançar ao redor do Bunker.

Se apresentou no lendário Cassino de Paris, mas iniciou a carreira em bares de travestis.

Foi sacaneado por prostitutas que se recusavam a fazer programas porque ele tinha aparência infantil.

Morou com os pais até os quarenta anos quando já fazia sucesso desde os trinta.


Tinha tudo para fracassar, mas obteve um êxito colossal na carreira.

Era tímido, mas interpretava o libertino.

Era feio, mas trepou com a Brigitte Bardot.

Casou-se com Jane Birkin e com ela viveu quase o resto de sua vida.


Colocou sua esposa nua na capa de um álbum.

Quando ela o deixou, fez uma estátua dela para mantê-la em sua casa.

Derramou um copo de bebida na roupa de Mick Jagger numa balada.

Fez canções de amor sem pieguice, recheadas de ironia, misoginia e duplos sentidos.

Foi crooner, dançou o twist, aderiu ao reggae. Mas odiava se apresentar em público.

Compunha sob a influência de cafés e cigarros da marca Gitanes.

Safado na arte, pudico na vida. Não tirava nem a roupa ao deitar-se com mulheres.

Ele tinha o dom de espantar bailarinas de programas televisivos quando, bêbado, tentava agarrá-las para dançar.

Não temia fazer papel de ridículo em cadeia nacional.

Politicamente incorreto, queimava dinheiro ao vivo.

Disse o que o mundo sempre quis falar para Whitney Houston: “Quero fodê-la”.

Uns afirmam que ele morreu. Outros preferem pensar que ele está no céu, trepando.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Perfil não-autorizado de Márcio Anix


Márcio Anix é membro honorário deste blog. Mais conhecido como Marcin por amigos e inimigos, anunciamos de antemão que dificilmente haverá colaborações dele por aqui. Pela simples razão de que o rapaz sofre de bloqueios redacionais.

Ele simplesmente não consegue ser ele mesmo quando escreve. Só quando bebe. Mas como ele bebe o suficiente para entorpecer a coordenação motora, impossível lhe pedir para que escreva ébrio. Provavelmente escreveria em outra língua ou apenas vomitaria no teclado de seu computador.

Você agora deve estar pensando “quem é esse puto?”. É difícil responder tal pergunta. O mesmo que dimensionar uma lenda viva, um mito. Por ele ser o padrinho deste emporcalhado blog, você pode deduzir algumas características.

A primeira delas é a anarquia. Diz a lenda que nos tempos de faculdade, quando iniciou um estágio, ele simplesmente adentrou no laboratório com um extintor de incêndios em mãos só para causar uma “boa impressão”.

Sabe o Will Ferrell? Por algum tempo foi especulado que talvez o comediante fosse o irmão gêmeo perdido dele. Detalhes biográficos confirmam, por outro lado, que o personagem Frank, o Tanque, foi inspirado em histórias mal-explicadas de sua vida.


Márcio Anix e sua última namorada

Marcin fez jornalismo, mas serviu bons anos como um trabalhador braçal. Com uma ironia do destino, foi obrigado a deixar de lado a anarquia das calças largas em jeans para adequar-se ao padrão mauricinho requerido pelo seu novo cargo concursado num banco.

Meio sortudo no jogo - principalmente em partidas de futebol pelo videogame -, e azarado no amor - tomou chutes na bunda quando se envolveu demais, alimentou o rancor de muitas outras quando se envolveu de menos. Ele sabe que a vida não deve ser levada muito a sério e, por isso, se recusa com veemência a incorporar qualquer tipo para ser um ator em sociedade.


Nosso membro honorário e seu amor corintiano

Em uma conversa de bar, não tem melindres e nunca deixa escapar papos insólitos ou escrotos. É capaz de discutir doenças venéreas em uma roda de garotas e até de catalogar novos tipos moléstia, como a já clássica “fimose hepática”.

É também dono de um dicionário muito particular. Não estranhe se qualquer dia alguém se referir a uma meia-soquete como “meia-boquete”, falar “pau me toque” ao invés de palm top, trocar escrúpulos por crepúsculos ou referir-se ao Vítor Belfort no videogame como Vítor Bem Forte. No dia em que essas palavras forem oficializadas, o Aurélio estará aposentado.

Márcio Anix curte rock n’ roll. Adepto incondicional do bate-cabeça, é capaz de perder alguns minutos do seu dia para aprender novas técnicas da slam-dance pelo Youtube. É fã de Ramones, mas conhece de cor todas as canções pagodeiras de grupos como o Raça Negra, a quem ele gentilmente denomina de músicas para churrasco.

Márcio Anix é meio pobre, mas fica rico quando bebe. Se empolga tanto em baladas que não raro você o vê pagar cervejas para a mulherada e aos amigos, como se fosse o dono do lugar a gritar: “hoje é por conta da casa”.

Ele tem um carro chamado Rufus, o lenhador. O apelido foi dado em tributo após o  automóvel destruir uma árvore de calçada após um reconfortante cochilo ao volante.

Quando bebe demais, ele liga para mulheres desconhecidas do seu celular no intuito de marcar encontros fortuitos. Quando não bebe suficiente, se frustra ao ponto de ficar ainda mais bêbado, capaz de gestos fúteis como: 1) mostrar sua bunda gorda pela janela do carro. 2) comprar um repolho na feira e ostentá-lo como se fosse o troféu de uma São Silvestre.


Marcin e sua receita secreta para manter a forma: repolho for breakfast

Se Charlie Sheen não tivesse proferido tão sábias palavras ao longo das temporadas de Two and a Half Men, pode ter certeza que você um dia ouviria elas sendo usadas com propriedade por Márcio Anix: “vou para um lugar onde as garrafas são cheias e as mulheres vazias”. A isso ele chamaria de paraíso.


*


Marcin concentrado no expediente do seu antigo trampo:


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Uma introdução


Se este blog inaugura neste fatídico dia, isso é um sinal que nós perdemos um bocado das ambições e megalomania. Quando digo nós, estou mesmo afirmando que se trata aqui de um projeto coletivo. Camaradas, membros de gangue, patota ou simplesmente desocupados. Chamem-nos do que quiser, we don’t care.

Pois vamos lá: a idéia para o blog é coisa antiga. Pra contextualizar vale exaltar que é um plano que ronda nossas cabeças desde quando ainda freqüentávamos uma faculdade. Sim, somos diplomados. Em jornalismo. Grande bosta.

O projeto inicial era bolar um site com cara de fanzine. Espaço esse que seria para exercitar uma escrita livre. Sem as regras dos manuais de redação. Sem a pressão de seguir pautas encomendadas por terceiros ou superiores. E sem a obrigação de seguir a abominável formatação acadêmica.

O negócio seria uma maneira de manter algum grau de espontaneidade, integridade e, por que não, inteligência. Ou seja, uma resistência de nossos próprios estilos. O nome sugerido para essa balbúrdia seria o famigerado “Culto e grosso”. Nem me lembro quem descolou isso, mas o projeto acabou não vingando.

Dois anos depois viria a idéia “visionária” para outro site: “O Trabuco”. Esse daí nasceu bastante pretensioso, já que contaria com uma equipe de pelo menos sete colunistas que se comprometeriam a mandar um texto por semana ao ponto de possibilitar uma atualização diária do dito-cujo.

“O Trabuco” tinha uma idéia muito agradável, que era praticar uma forma de jornalismo que certamente no fim das contas não seria considerada sob hipótese alguma como prática de uma atividade tão nobre.

Seria um anti-jornalismo. Uma misturada louca de revista Mad com Nelson Rodrigues. Algo como entregar uma caneta e um papel para o Pica-pau do desenho animado, tresloucado, escrever suas impressões do mundo.

A verdade é que esse projeto também desandou. E sabíamos que seria quase impossível dar certo com esse grau de comprometimento. Principalmente quando boa parte dos integrantes teria que dividir o tempo para colaborar com o site entre outros trampos, limpar fraldas da criançada, fugir da polícia, etc.

Assim chegamos a esse blog. Se perdemos parte da ambição, aquela de atualizar o sítio diariamente, não perdemos o tesão de procurar escrever com tesão sobre coisas que nos é importante.

E, já adianto, nosso critério de importância está anos-luz de distância dos temas que atraem os principais noticiários televisivos do país. A política aqui é mais ou menos a seguinte: o nada é tudo e o tudo é nada, ou seja, qualquer merda pode se tornar uma pauta importante ao mesmo tempo em que qualquer grande pauta pode se tornar uma grande merda.

De site com atualização diária o projeto se tornou um blog. Do nome “O Trabuco” aderimos ao derivado “Trabucada”. O mais importante, caros, é que finalmente tiramos o coelho da cartola.

O que se seguirá a esse post inaugural, não ainda sabemos ao certo. Nem temos ainda os nomes fixos de colaboradores. Pretendemos contar com todos aqueles que um dia confiaram que “O Trabuco” iria existir mais até do que acreditaram no papai Noel quando tinham cinco anos.

Como até hoje não aprendi a encerrar um texto com classe, fica aqui um final em aberto ao estilo encerramento de capítulo de qualquer seriado enlatado televisivo. To be continued...