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sexta-feira, 10 de junho de 2011

“Piratas do Caribe” é o filme do século XXI


Desde o primeiro exemplar, a saga dos “Piratas do Caribe” mostrou-se como um oportuno produto do seu tempo. Cada um dos filmes está contaminado por tudo aquilo que o seu público-alvo anseia. Histórias rocambolescas e efeitos especiais atraentes são o bastante para satisfazer as taras por inovações do seu espectador e, por conseqüência, ludibriá-lo com isso ao ponto de tornar irrelevante a falta de substância das obras.

Ao mesmo tempo em que dispõe de atrativos para agradar facilmente o seu público, a série se impõe como um reflexo dessa cultura ao qual se insere. A cultura ao qual se insere esses piratas é a da infantilização do ser humano e ela se percebe quando descobrimos que a franquia foi inspirada numa atração de um parque de diversões. Só isso basta para constatar a infantilidade do projeto e também a imaturidade do público que vibra com ele.

Os defensores dos “Piratas do Caribe” costumam usar o prestígio de Johnny Depp como ator para justificar o injustificável. Dizem que o filme é bom por não se levar a sério e que o ator é o responsável por esse suposto despojamento, emprestando sua própria excentricidade para compor a caricatura do seu personagem.

Esse argumento é válido parcialmente. Primeiro porque se há graça nessa balbúrdia, essa comicidade existe por ser uma novidade, já que possivelmente foi a primeira vez que Johnny Depp se despiu de qualquer senso de ridículo.

Ver pela primeira vez o ator caminhar daquela maneira desequilibrada e afetada, com os braços estendidos ao alto como se fosse um equilibrista ébrio, pode realmente ser algo muito cômico. Mas não é um humor que se sustenta por quatro longuíssimos filmes. Na enésima vez, já não queremos rir, mas arrancar a poltrona no cinema com as unhas por gastar vinte mangos num divertimento tão rasteiro.


E o problema dos “Piratas do Caribe” é esse. Os filmes dependem demais da inspiração do seu ator para atrair o público. É uma combinação manjada e irritante de exibicionismos: o do ator e dos efeitos especiais contidos nas produções.

Se o ator faz uma paródia de si mesmo, dessa imagem de “o estranho” ao qual se tornou ícone, o filme não vai mais longe ao tentar fazer uma sátira de desgastadas lendas de um velho gênero, dos filmes de capa e espada.

Se ao menos essa franquia servisse para que os espectadores se interessassem pelos artigos reais – os filmes clássicos do Errol Flynn - e não se contentassem com as meras imitações, como essas versões contemporâneas e modorrentas, já seria o suficiente para enaltecer a existência dela.

Só que o público se contenta com muito pouco. Deleita-se com um punhado de barulho, piadas manjadas, efeitos especiais de última geração. Com isso, fica claro que o público recebe o filme que merece. São cúmplices em suas mediocridades.

Eu recuso “Piratas do Caribe” por princípio. Não acho possível admirar um filme inspirado num parque de diversões. Ser favorável a isso é ignorar o quanto o entretenimento do século XXI se rebaixou.


Quando o cinema era capaz de oferecer diversão de qualidade, daquela que não subestimaria o nosso intelecto ou nos tomaria por débeis mentais, as aventuras fornecidas pelo cinema tinham como fonte de inspiração a literatura de um Alexandre Dumas ou Herman Melville. Hoje nos inspiramos num brinquedo de Play Center? Acho que não evoluímos muito. Talvez para a condição de eqüino.

Não parece mera coincidência a narrativa de este quarto episódio concentrar-se na busca dos personagens pela fonte da juventude. Os piratas querem tanto rejuvenescer quanto os produtores desejam infantilizar o espectador, para que ele aceite de braços abertos toda a porcaria oferecida a ele.

“Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas” é isso: um produto desgastado que insiste em ser jovem. E como bem disse Nelson Rodrigues, “a juventude é um mal que passa”. Espero que isso seja verdade.


* Texto publicado na Folha da Região do dia 09 de junho de 2011.

domingo, 12 de dezembro de 2010

O fim da diversão semanal


Na última semana fui pego de surpresa com o anúncio do fim de um clássico programa da TV brasileira. Custei a crer, afinal, mesmo não tendo mais aquele impacto que tinha lá nos 90, ainda era uma alternativa de boa audiência para a emissora.

Meu envolvimento com esse programa começou de forma avassaladora, como era semanal tinha que esperar intermináveis seis dias para voltar a apreciar seu rico conteúdo. É claro que ao longo do tempo seu formato foi cansando, aquilo que me prendia a atenção nos primeiros anos passou a ficar cada vez mais sem graça, mas eu não poderia de forma alguma virar as costas para aquele programa que foi meu fiel companheiro por tantos anos.

Em alguns momentos o programa passou a se tornar chacota na roda de amigos, e eu ali calado tendo de engolir a seco todas as piadinhas. No fundo eu sabia que as gozações tinham fundamento, mas aquilo ainda me incomodava. Afinal eles sempre foram criativos na forma como passavam uma mensagem através da comédia.

Dizem que o formato ficou ultrapassado, parou no tempo. E ainda mais com a chegada, anos depois, da internet e da TV a cabo, novos formatos se desenvolveram, alguns muito ousados e posso dizer que até apelativos. Era a receita pronta. Caiu no gosto da garotada, que não entendia como alguém da minha idade poderia ainda ter algum tipo de admiração por aquele programa arcaico dos anos 90, com tanta coisa nova a disposição.

Era o que tínhamos, não sei se os jovens de hoje vão entender. Eu só sei que para aquele momento era muito bom. Tinha inclusive algumas participações, a moça era linda, não sei por qual motivo de tempos em tempos ela era trocada, sempre vinha uma mais linda que a outra, tão bela que nem dava tempo de sentir saudades da “antiga”.

Voltando a falar do anúncio do fim do programa a partir desse mês dezembro, ouvi e li alguns comentários comemorando sua extinção, alguns diziam: “Já vai tarde”, outros, em sites especializados vibravam: “ainda bem que esse programa ridículo e totalmente sem graça vai acabar.”

Os comentários a favor do programa foram quase que inexistentes, foi por isso que decidi fazer a minha homenagem aqui a ele. E dizer que pode ser verdade todos os comentários e análises sobre ele, mas ele sempre será marcante na minha vida adolescente.

Portanto, fica aqui minha admiração por você. Muito obrigado Cine Privê.

sábado, 13 de novembro de 2010

Impressões de um adolescente sobre um filme de peso



A sala não está muito cheia. Foi a primeira coisa que pensei quando entrei no cinema. Ah, já ia me esquecendo, meu nome é João e tenho 16 anos. Um típico rapaz cinéfilo de classe média. Achei estranho o público não ser tão numeroso, pois o filme tem apelo popular, e, acima de tudo, é muito importante que seja assistido pela juventude. Sabe como é, para sacar melhor as coisas. Mas talvez não esteja lotado porque demorei um pouco para ver, achei melhor esperar passar a estréia.

Antes de assistir o filme, já o considerava fundamental para o estado de espírito de um jovem de 16 anos. Cheios de dúvidas e rebeldias mal resolvidas. Além é claro, do momento atual da juventude brasileira, onde nossas escolhas são fundamentais para a boa convivência em sociedade nos próximos anos.

O diretor não tem uma filmografia muito extensa, pensei, mas isso não é problema, toda a vibração que o filme prometia era o suficiente para me deixar empolgado. O protagonista também era um grande atrativo, afinal acho o tipo de personagem perfeito para o ator.  

Ainda sobre o ator principal, após ver o filme, curti muito a forma como ele interpretou toda a mudança do personagem durante o longa, a maneira como ele passa a pensar diferente no final da história e ainda é alçado, pelos espectadores a um status quase de super-herói.



Além dos personagens principais, o que dizer dos atores coadjuvantes que interpretaram policiais! Fantásticos! um deles, considero como uma grande revelação. O cara estava presente nas cenas mais insanas do filme.

Só temo, um pouco, que entendam o filme errado (jovem é cheio disso!). Não vai ser legal a molecada ser influenciada erroneamente, e sair fazendo cagadas por aí. Pô galera, não vamos estragar nossa juventude nessa fase tão importante da nossa vida!

Confesso que esperava menos confusão na história, não que eu esteja reclamando, mas chega uma hora em que o negócio fica embolado de um jeito que você pensa que não vai resolver mais. A cena final é, de alguma forma, redentora, mas faz você sair do cinema pensando. Reavaliando seus caminhos, procurando ter certeza de que está indo no rumo certo.

Sei que no final das contas gostei muito do filme. Boa direção, bom elenco e bom enredo. Bastante intenso. Volto a dizer que, acima de tudo, a história é fundamental para garotos da minha idade, recomendo. Agradeço o espaço que o Trabucada me cedeu e me despeço dizendo que fiquei muito feliz de exercitar minha escrita dando minha opinião sobre esse filme tão importante para minha saída da adolescência, o filme “SuperbadÉ Hoje”.