domingo, 27 de março de 2011

2011: para onde vai o rock?


Os anos 90 e 00 tiveram uma característica em comum no cenário rock mundial, ambas as décadas começaram com uma espécie de “movimento”, constituído de bandas não muito semelhantes entre si, mas que acabavam entrando, por um motivo ou por outro, no mesmo caldeirão. E com o decorrer dos anos os rótulos iam se desintegrando até que tudo se bagunçava para o início da década seguinte.

Movimento não seria a palavra, mas sim um subgênero dentro do rock, esse foi o caso do grunge nos anos 90, com Nirvana, Pearl Jam, Alice In Chains, Soundgarden etc. Nos anos 00 esse agrupamento não teve um rótulo forte (forte?!) como o grunge, mas Strokes, Franz Ferdinand, Kings Of Leon, The Killers, Bloc Party entre outros eram frequentemente chamados de bandas do “Novo Rock”.

É claro que essa é uma análise simplista, pois a década de 90, por exemplo, não se resumiu às bandas grunge. O estouro do Nirvana trouxe consigo vários grupos de rock alternativo, que antes não tinham a menor visibilidade. Em meio a tudo isso teve o Radiohead, que começou sutil, mas tomou proporções enormes. E antes da fase Kid-A, arrebanhou dezenas de bandas com sonoridade similar. Isso tudo sem falar no Britpop.

Agora estamos em 2011, o que vem por aí? Difícil dizer, mas é possível arriscar alguns palpites. Com o lançamento do mediano Angles, do Strokes, muito tem se falado sobre o “novo Strokes” (há um tempo o termo era “Novo Nirvana”) The Vaccines. Banda inglesa que tem sido muito comentada mundo afora. O primeiro disco, com o sugestivo e bem sacado nome “What Did You Expect From The Vaccines” é uma paulada, musicas curtas e diretas com letras colegiais. Lembra Ramones, Joy Division, Jesus & Mary Chain. Tudo tem cara de “já ouvi em algum lugar”, mas hoje em dia não estou muito certo se isso é realmente um problema.

O jornalista Lúcio Ribeiro, da Popload falou recentemente em algo como um neo-grunge. O que, acredito que de alguma forma, tenha ligação com os recentes ressurgimentos de Stone Temple Pilots, Alice In Chains e Soundgarden. Isso sem falar no disco que o Foo Fighters lança logo mais, com produção de Butch Vig (que produziu o Nevermind, conhece?) e outros indícios que apontam uma volta às raízes.

Essa tal nova geração do grunge surge lentamente com Cage The Elephant, Dinosaur Pile-Up e Yuck, citados também na Popload. Essa última com forte influência de Sonic Youth. As três com discos bastante interessantes.

Pode ser que nenhuma dessas bandas realmente vingue, enquanto isso não se define, continuamos na busca de um novo Nirvana, ou um novo Strokes, ou alguma banda que simplesmente torne o rock do início da década mais interessante. Apostas? Ponha na roda.






sábado, 26 de março de 2011

Trabucast 0# - O Piloto

todos empolgadíssimos com o papo


Você não aguentava mais ler? agora você também pode ouvir. O Trabucast é o nosso podcast que, se tudo correr bem, será gravado e postado no blog semanalmente. 

Por que resolvemos fazer? a resposta está nesse piloto, mas basicamente porque... deu vontade. O que tem nele? fatos relevantes, pelo menos para nós, e comentários sobre as postagens do blog, tudo no mesmo estilo (ou falta dele) que você vê por aqui. Quem está envolvido? Bem, nessa edição zero, estamos eu (Eduardo), Clemerson e Diego (Tião), mas esperamos que a Talita faça parte também, até vamos criar a tag #participatalita no twitter, o TT mundial nos aguarda (ahãm, senta lá). A edição é do Clemerson

Esse piloto é... bem, um piloto. Então tudo está em fase de teste ainda, tudo meio cru, mas não espere nada muito emperequitado nos próximos.

Os assuntos de hoje são:
                                              




Para baixar o Trabucast, basta clicar onde se lê DivShare. Divirta-se, ou não.

sábado, 12 de março de 2011

Porque odeio rótulos


Para você metal core é alguma espécie de analgésico, enquanto black metal deve ser um consolo para mulheres emancipadas? Você não diferencia emo de homo? Então você não está sozinho, meu chapa.

Bem, estávamos num bar. Por lá tocava algum rock n’ roll. Não lembro se era hard rock ou psychobilly, que porra de rótulos... A única coisa que me recordo é que em certo ponto a cerveja com álcool acabou. Márcio Anix é do tipo pouco criterioso quando se trata de cerveja ou mulher. Ou seja, ele topou enfrentar a destemida cerveja sem álcool ao invés de mudar para a vodka ou uísque. Sempre teve uma tremenda fidelidade à gelada.

Enquanto tomava o negócio e se autoparodiava pela escolha, alguém resolveu lhe ceder uma estampa de outra cerveja (daquelas de gente grande mesmo) para disfarçar e deixar de ser o motivo de chacota da roda. Eis que um selo recobria magnificamente o outro. Pelo comportamento do lendário bebedor, ninguém ousaria apontar o dedo e dizer que ele tinha se convertido à caretice e que estava usando “droga pesada”, do tipo cerveja não-alcoólica.

Considero essa breve anedota um resumo da importância dos rótulos. Ou da falta dela. Márcio é outro grande profanador da relevância de marcas, gêneros e adjacências. Não duvido que com aquele seu gesto no bar ele não estaria mostrando uma banana para aqueles que acreditam nessas asneiras. Pouco importa. O que o comportamento ébrio dele diante de uma sóbria cerveja demonstra é que rótulos, estampas, marcas, gêneros, essas coisas são significativas exclusivamente para os publicitários, os adoradores de guias de consumo e usuários de almanaques de araques.

Se uma banda adere com reverência a um rótulo, ela não deve ser boa. Se um filme cai como luva numa fácil taxação, provavelmente é insignificante. A verdade é que os grandes homens e mulheres estão sempre se esgueirando dessas porcarias redutoras.

Quando falaram ao Bob Dylan que ele era o embaixador do folk, ele pulou fora e abraçou a guitarra. Ao espalharem que o Johnny Cash era um encrenqueiro, ele agarrou a bíblia e aderiu aos gospels.

Enfim, pra que serve um rótulo? Estaria pronunciando o óbvio ululante se dissesse que é para vender uma marca ou idéia, então, digo que um rótulo serve também para animar outras coisas, como gangues (“vestiremos o vermelho do Bloods ou o azul dos Crips?”), facções criminosas e assembléias evangélicas...

Um rótulo nunca é bom. É uma maneira de minar com a individualidade, homogeneizar as diferenças. Aderir ao rótulo é render-se à condição ruminante. Formando um rebanho de gado, prontos para ter a lomba marcada. Não à toa que os nazistas costuravam a estrela de Davi nas roupas dos prisioneiros judeus, para identificar e subjugá-los.