sábado, 11 de junho de 2011

Especial "Dia Dos Namorados" Lado B - Eduardo Martinez


No Lado A tudo são flores, aqui entra o inverso. Todo amor que se preze tem uma dose de sofrimento. Na minha seleção do Lado B, essa face oposta ao amor aparece de várias formas. Despedida, solidão, desilusão e tristeza. Dito isso, se você quiser começar ouvindo essas músicas e terminar com o Lado A, para terminar o dia melhor, respeito sua escolha.


Frank Sinatra - In The Wee Small Hours Of The Morning

A música que é do disco de 1955 que tem o mesmo nome. É considerado por muitos o melhor disco já feito sobre separação. Foi feito logo após o término do romance de Sinatra com Ava Gardner e em um momento de dificuldade na carreira do cantor. A música transpira saudade e desilusão. Ouvir com calma e prestando atenção é de quebrar as pernas.





Jeff Buckley – Last Goodbye

O tema aqui, como o nome indica, é despedida. Com direito a toda dor e sofrimento que é possível quando você vê um grande amor se acabar. Aquele momento em que dizer “último abraço” ou “último beijo” podem doer mais que punhaladas nas costas, especialmente quando uma das partes ainda não se convenceu que o sentimento que havia, definitivamente, acabou.





Joy Division – Love You Tear Us Apart

Outra canção sobre despedida. Mas aqui o sentimento é mais de tristeza do que de desespero. A atmosfera gélida parece perceptível mesmo sem conferir a tradução da letra. Aí então, quando você entende, piora. “Quando a rotina corrói duramente/E as ambições são pequenas/E o ressentimento voa alto/Mas as emoções não crescerão/E vamos mudando nossos caminhos/Pegando estradas diferentes”.




The Beatles – I Want You (She’s So Heavy)

Se Beatles apareceu no Lado A como exemplo de fofura, eles também estão no lado negro da força mostrando toda a tensão que um relacionamento pode ter. A música, escrita por John Lennon, dizem que foi inspirada em seu relacionamento com Yoko Ono. A letra toda se resume a: “Eu quero você/Eu quero você tanto/Está me deixando louco/Eu quero você/Ela é tão pesada”.




The Cure – Just Like Heaven

Tudo começa lindo, a música sugere um relacionamento comovente de tão perfeito. Mas conforme a canção se desenvolve percebemos que há algo errado. A interpretação é aberta, mas a letra mostra que, ou tudo não passa de um sonho, ou o personagem da música perdeu seu grande amor. É bem triste. “A luz do dia me deixou em forma/Eu devo ter adormecido por dias/E movi meus lábios para respirar seu nome/Eu abri meus olhos/E me encontrei sozinho, sozinho, sozinho.../Acima de um mar revolto/Que roubou a única garota que eu amei/E afogou-a dentro de mim”

Especial "Dia Dos Namorados" Lado B - Diego Assunção


Essa é a seleção para quem vê no amor um sinônimo para a dor. Para todos aqueles amantes solitários, apaixonados não-correspondidos, homens e mulheres traídos ou abandonados. São canções que, ao invés de incentivarem um suicídio coletivo, espero que sirvam como um alento. Afinal, as canções descritas abaixo provam que vocês não estão sozinhos:


Billie Holiday – My Man

Quem já visitou a biografia da cantora no Wikipédia, deve ter lido um punhado de suas histórias de amor. No universo amoroso de Billie Holiday, palavras como submissão, espancamento e cafajestismo andam ao lado do amor incondicional feminino. My Man é um resumo do “amor bandido” para sempre eternizado na trágica e fantástica voz da intérprete.




Hank Williams – Cold, Cold Heart

Talvez não tenha existido cantor que mais sofreu nas mãos das mulheres do que Hank Williams. Suas melhores músicas são sempre embaladas pela dor nos cornos, crônicas de um pobre diabo traído por mulheres frias. Nenhuma canção resume melhor a carreira do cantor e seu tema obsessivo do que essa. O título já diz tudo.




Nick Cave & The Bad Seeds – Henry Lee

Essa música compõe o álbum que tem por nome o revelador “Murder Ballads”. E é exatamente uma balada de assassinato sobre um crime passional que a mente doentia de Nick Cave aborda aqui. Adepto de um romantismo não-ortodoxo, ele brada versos do tipo: “Ela se inclinou sobre uma cerca/ Só para um beijo ou dois/ E com um pequeno canivete em sua mão/ Ela o apunhalou firmemente”.





Iggy Pop – Cry for Love

Iggy Pop já uivou e se pôs de quatro a proclamar “Eu quero ser o seu cachorro”. Mas acho que o ponto alto de suas canções de amor bandido se encontra aqui. O mais bronco dos broncos grita e chora por amor e não teme confessar isso a anunciar que “às vezes meu auto-respeito fica em segundo lugar”. Porém, nem tudo está perdido para um romântico como o iguana, principalmente quando ele canta esperançoso ao final: “se você estiver a chorar por amor, ainda há uma possibilidade para você e todos conseguirem isto”.




Jackson C. Frank – Milk and Honey

A versão de Nick Drake é a mais conhecida. Mas a versão original, cantada pelo obscuro Jackson C. Frank é imbatível. A voz é cavernosamente triste e o dedilhar no violão deixa a impressão de que até o instrumento seria capaz de entrar em depressão e querer se jogar de uma ponte. Essa é a combinação da melodia, este é tom da tragédia a narrar um amor que caminha na contramão, em desencontro, na perdição total.

Especial "Dia Dos Namorados" Lado A - Eduardo Martinez


Com toda minha indecisão na hora de selecionar músicas, escolhi 5 para a lista do Trabucada em homenagem ao dia dos namorados. Trata-se aqui do “Lado A”, ou seja, da parte bonita da coisa toda. Meu critério de seleção foi quase aleatório, uma pesquisa na pasta de músicas do computador e um “peneirão” para escolher 5. Algumas óbvias, outras nem tanto. O amor aqui se faz presente de várias formas, seja com entrega total, com singeleza, e até escracho. Sirva-se:


The Smiths – There Is A Light That Never Goes Out

Morrissey, um dos profetas da dor de amor fala sobre a entrega total a esse sentimento tão abordado pelo cantor. Não sobram muitas explicações depois do refrão dramático/apaixonado: “E se um ônibus de dois andares/Colidisse contra nós/Morrer ao seu lado/Que jeito divino de morrer/E se um caminhão de dez toneladas/Matasse a nós dois/Morrer ao seu lado/Bem, o prazer e o privilégio seriam meus”. Precisa mais?




The Beatles – And I Love Her

Clichê? Com certeza. Mas se você descobrir um amor verdadeiro que não tenha clichês me mostre, por favor. E convenhamos, com uma melodia dessas, até uma letra do Luan Santana. Ok, talvez aí não. O que importa é que poucos falaram de amor com tanta singeleza do que os Beatles, no caso, Paul McCartney.




Wander Wildner – Eu Tenho Uma Camiseta Escrita Eu Te Amo

Sim, o assunto aqui é amor. A flor da pele. Passando com intensidade pelo desejo carnal (ok, tucanei o tesão, mas tudo bem). Sertanejos universitários dariam o chifre esquerdo por versos como: “Se eu pudesse estaria agora perto de você/Se eu pudesse eu ficaria sempre junto de você/Se eu pudesse eu estaria ouvindo o seu coração/Se eu pudesse eu não faria nada, nem essa canção”.




Michael Jackson – I Was Made To Love Her

A música é do Stevie Wonder, mas essa versão vibrante de um ainda criança Michael Jackson expressa o sentimento em questão com mais, digamos, força. Dá pra imaginar Michael, em sua pré-adolescência, cantando essa música e deixando marmanjas babando apaixonadas pelo gênio precoce.




Roberto Carlos – Eu Te Darei O Céu

Confesso que se não colocasse nenhuma música do Rei nessa lista, não conseguiria dormir a noite com tamanha injustiça. Daria tranquilamente para fazer várias listas dessa só com músicas de Roberto. “Eu te darei o céu, meu bem/e o meu amor também”, se isso não for o suficiente para conquistar uma garota, só lamento por ela.

Especial "Dia Dos Namorados" Lado A - Diego Assunção


Fazer uma lista de “canções de amor” é sempre uma tarefa árdua. São tantas inesquecíveis. Poderia apelar para as mais célebres e infalíveis. Sinatra, Ella Fitzgerald os Beatles, Roberto Carlos? Sim, é verdade. Mas preferi seguir por outro caminho. Assim, não espere um pingo de racionalidade ou coerência. O critério usado foi a total ausência de critério. Método questionável, hein? De cara, digo que as escolhas são aleatórias, resultantes de uma fraca memória, uma preguiça extrema e um subjetivismo confesso... Todos ingredientes que levam a discórdia. Então, vamos lá:


Cat Stevens – How Can I Tell You

Ele já cantou sobre a fé, pais e filhos, o vento... Sobre o amor, esse sentimento indizível, Cat Stevens não poderia ter sido mais preciso: “Como eu posso te dizer que eu amo você/ Eu amo você, mas não consigo pensar nas palavras certas para dizer”. Versos assim são o suficiente.




Leonard Cohen – I’m Your Man

Com essa canção, Leonard Cohen tenta provar que faria tudo para conquistar a mulher amada. “Se quer um boxeador, entro num ringue por você/ Se quer um médico, eu examino cada centímetro seu”, professa antes de se ajoelhar, implorar e pedir pelo amor que parece hesitar. Com senso de humor aliado à tragédia, o trovador canadense afirma aquilo que ninguém ousa desmentir: não há limites para o amor.



Solomon Burke – If You Need Me

Eis aqui uma daquelas músicas que o artista parece ter feito com o objetivo de reconquistar um amor perdido. A voz de Solomon Burke e a intensidade – sempre a plenos pulmões - com que ele se põe a cantar é a mais perfeita representação de quão devoto deve ser aquele ser que ama. Mais do que cantar, Burke clama. A isso denominamos uma música de amor.



Frankie Valli & The Four Seasons – My Eyes Adored You

Não poderia faltar na lista um cânone do gênero. Da mesma trupe do Frankie Valli, muitos prefeririam escolher o óbvio, como a música de todos os casamentos “Can’t Take My Eyes Off You”. Eu fico com essa, a canção síntese do amor platônico. O músico canta e relembra o amor inocente da infância, por aquela garota que amava só de olhar e nunca teve a chance de tocar. Cafona? Pode ser. A beleza do amor, às vezes, está em sua cafonice inerente. Item indispensável, portanto.



The Rolling Stones - Let’s Spend the Night Together

Eis aqui o máximo de romantismo que podemos encontrar numa música de Jagger-Richards. Um chamado à chincha ao amor. Amor pela ótica do rock n’ roll. Ou seja, apelando ao que ele tem de mais fugaz, insano e inconseqüente. Pode até parecer uma contradição, mas é nisso que Jagger e companhia acreditam: guiar-se pelos instintos, buscar o prazer. Chame isto de amor, paixão, sexo... São palavras ao vento. Não importa o nome que se dê a isso, mas sim o sentimento contido e a maneira como se consegue expressá-lo (geralmente guiado pelos habituais “na na nas” do vocalista).

sexta-feira, 10 de junho de 2011

“Piratas do Caribe” é o filme do século XXI


Desde o primeiro exemplar, a saga dos “Piratas do Caribe” mostrou-se como um oportuno produto do seu tempo. Cada um dos filmes está contaminado por tudo aquilo que o seu público-alvo anseia. Histórias rocambolescas e efeitos especiais atraentes são o bastante para satisfazer as taras por inovações do seu espectador e, por conseqüência, ludibriá-lo com isso ao ponto de tornar irrelevante a falta de substância das obras.

Ao mesmo tempo em que dispõe de atrativos para agradar facilmente o seu público, a série se impõe como um reflexo dessa cultura ao qual se insere. A cultura ao qual se insere esses piratas é a da infantilização do ser humano e ela se percebe quando descobrimos que a franquia foi inspirada numa atração de um parque de diversões. Só isso basta para constatar a infantilidade do projeto e também a imaturidade do público que vibra com ele.

Os defensores dos “Piratas do Caribe” costumam usar o prestígio de Johnny Depp como ator para justificar o injustificável. Dizem que o filme é bom por não se levar a sério e que o ator é o responsável por esse suposto despojamento, emprestando sua própria excentricidade para compor a caricatura do seu personagem.

Esse argumento é válido parcialmente. Primeiro porque se há graça nessa balbúrdia, essa comicidade existe por ser uma novidade, já que possivelmente foi a primeira vez que Johnny Depp se despiu de qualquer senso de ridículo.

Ver pela primeira vez o ator caminhar daquela maneira desequilibrada e afetada, com os braços estendidos ao alto como se fosse um equilibrista ébrio, pode realmente ser algo muito cômico. Mas não é um humor que se sustenta por quatro longuíssimos filmes. Na enésima vez, já não queremos rir, mas arrancar a poltrona no cinema com as unhas por gastar vinte mangos num divertimento tão rasteiro.


E o problema dos “Piratas do Caribe” é esse. Os filmes dependem demais da inspiração do seu ator para atrair o público. É uma combinação manjada e irritante de exibicionismos: o do ator e dos efeitos especiais contidos nas produções.

Se o ator faz uma paródia de si mesmo, dessa imagem de “o estranho” ao qual se tornou ícone, o filme não vai mais longe ao tentar fazer uma sátira de desgastadas lendas de um velho gênero, dos filmes de capa e espada.

Se ao menos essa franquia servisse para que os espectadores se interessassem pelos artigos reais – os filmes clássicos do Errol Flynn - e não se contentassem com as meras imitações, como essas versões contemporâneas e modorrentas, já seria o suficiente para enaltecer a existência dela.

Só que o público se contenta com muito pouco. Deleita-se com um punhado de barulho, piadas manjadas, efeitos especiais de última geração. Com isso, fica claro que o público recebe o filme que merece. São cúmplices em suas mediocridades.

Eu recuso “Piratas do Caribe” por princípio. Não acho possível admirar um filme inspirado num parque de diversões. Ser favorável a isso é ignorar o quanto o entretenimento do século XXI se rebaixou.


Quando o cinema era capaz de oferecer diversão de qualidade, daquela que não subestimaria o nosso intelecto ou nos tomaria por débeis mentais, as aventuras fornecidas pelo cinema tinham como fonte de inspiração a literatura de um Alexandre Dumas ou Herman Melville. Hoje nos inspiramos num brinquedo de Play Center? Acho que não evoluímos muito. Talvez para a condição de eqüino.

Não parece mera coincidência a narrativa de este quarto episódio concentrar-se na busca dos personagens pela fonte da juventude. Os piratas querem tanto rejuvenescer quanto os produtores desejam infantilizar o espectador, para que ele aceite de braços abertos toda a porcaria oferecida a ele.

“Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas” é isso: um produto desgastado que insiste em ser jovem. E como bem disse Nelson Rodrigues, “a juventude é um mal que passa”. Espero que isso seja verdade.


* Texto publicado na Folha da Região do dia 09 de junho de 2011.

sábado, 21 de maio de 2011

O dia em que Bon Scott morreu pela segunda vez


Na última semana, Tico Santa Cruz, vocalista e cabeça (oi?!) do Detonautas, colocou todo seu esforço direcionado para assassinar um hino do rock’n roll e, claro, chamar atenção para sua esquecida banda. “Como esquecida? Eles até vão tocar no Rock In Rio”. Ah sim, claro, Rock in Rio... pfffff. É só dar uma olhada na programação para notar que, para os organizadores, ainda estamos em 2002, talvez 2003. Ou seja, grande bosta!

O “gênio” pegou a base de Back in Black, do ACDC, e colocou uma “letra” por cima. O pior não é o aglomerado de clichês “cheios de atitude”, é que no refrão ele deixou a voz do Brian Johnson, ou seja, um dueto entre Brian Johnson e Tico Santa Cruz, NÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO. Bon Scott, segundo vocalista e figura emblemática da banda, junto com os irmãos Malcom e Angus Young, morreu mais um pouco com isso.

Segue abaixo a “música” (me desculpem pelo excesso de aspas, mas cabem muito bem por aqui). Por sua conta e risco. E ainda uma breve “análise” dos “versos”.


Querem me calar mas mesmo assim
(é engraçadíssimo como esses caras acham que são subversivos)
Eu sigo na missão e vou lutando até o fim
(que missão, cara pálida! De deixar a juventude mais estúpida? E lutando contra o que? Quem pediu?)
Se o radio não toca rá,não tem problema
Entro pela internet depois quebrando teu sistema
Censura, boicote, alienação
Querem jovens idiotas pro futuro da nação
(aqui ele quis dizer: “minha música não toca mais em lugar nenhum, fiquei puto, mas tudo bem. Coloco qualquer merda na internet, falo que fui boicotado e conclamo a juventude para lutar contra sei lá o que. Tudo isso porque não trabalho com a hipótese da minha falta de talento e da irrelevância das minhas músicas”)
Mas não foi sempre assim e nem precisa ser
Quebre essa corrente então bota pra foder
(um “foder” sempre soa bem, dá aquela cara de rebelde)
Com esses moleques retardados criado em shopping
Todos afetados, cérebro de brócoles
(precisa comentar sobre essa pérola?)
Dizem que isso é rock isso não é rock não
Rock é isso aqui então aprende esse refrão
(“rock é isso aqui”. Primeira coisa sensata dita na música, considerando a música Back In Black, claro)

Heeeeeeheee
I’m back in black, cuz’ i’m back in black
(pobre Bon Scott!)

Se me bloqueiam de um lado, eu me infiltro do outro
Eu sou pior que um rato eu entro pelo esgoto
(ele quem disse)
Voltei de perto pro combate sem medo de apanhar
Eu não sou jesus cristo então vou revidar
(outra pérola. É um verdadeiro poeta)
A brincadeira é rebeldia, sem inteligência
Essa vidinha de gato é realmente deprimente
Ninguém questiona nada, ninguém contesta
Aceitam tudo calados ou somente detesta
Quando eu mudo minha faceta
Vejo o outro lado
Chega de exaltar esse glamour falsificado
(não via tantos clichês juntos desde, sei lá, algum single do Detonautas. Ops)
Eles dizem que isso é rock, rock é isso aqui
Aprende com quem sabe ai ac/dc

Heeeeeeheee
I’m back in black, cuz’ i’m back in black
(nesse momento Bon Scott está de barriga pra baixo, no túmulo)

Não foi capa de revista nem colirio da capricho
Lembro quando mtv tocava rock e era o bicho
(realmente ele não anda vendo MTV. Só um comparativo: pegue as bandas que tocam em programas da MTV atuais como Na Brasa e Big Audio. Agora compare com a geração que era “o bicho”: Detonautas, Charlie Brown, Tihuana e congêneres)
Tentaram me calar mas olha eu aqui de novo
Junto com os parceiros rá eu quebro o jogo
Quebrando a banca, curtindo o movimento
Atitude e consciência é conhecimento
Chega de aturar essa enganação aprende com quem sabe
Cante esse refrão
(esse papo de “movimento” me lembra automaticamente a treta do Dado Dolabela com o João Gordo. “Atitude”: a palavra mais banalizada das últimas duas décadas. O CPM22 dizia em uma propaganda de lâmina de barbear, o Chorão repete compulsivamente e, logicamente, sem sentido.)

Heeeeeeheee
I’m back in black, cuz’ i’m back in black
(Scott tomando um Fatality)



sexta-feira, 13 de maio de 2011

Johnny Cash e a voz de Deus


Frank Sinatra era conhecido por “A Voz”. Porém, se me fosse delegado para escolher uma voz a representar a divindade, eu escolheria Johnny Cash.

Além de me emocionar com seus covers, ainda impressiona como ele era capaz não só de transformar como elevar as composições de outros artistas.

Escute I Hung My Head na versão original de Sting e depois a cantada por Cash. Com o líder do The Police, ouso dizer que a letra funciona, no máximo, como uma versão correta para uma música de protesto genérica.

A música narra os percalços de um homem após matar acidentalmente um cavaleiro. Pode-se dizer que este conteúdo já seria um material ideal para aquele que se tornou o arauto de todos os renegados após cantarolar “Eu matei um cara lá em Reno só para vê-lo morrer” no presídio de Folsom.

Mas a letra de Sting ganha profundidade não só pelo motivo de Cash ser o pai de todas as baladas criminais. Sob o timbre do “homem de preto”, os versos ressoam como se fossem um testemunho verídico.

É aquela rouquidão. A voz a sair com dificuldades das profundezas da alma. Entonação que ganha lentamente força no refrão que constata o próprio e inevitável enforcamento após implorar o perdão de Deus...


Não há deslumbre ou virtuosismo na maneira de Cash conduzir a canção. É com prudência que ele professa os versos. Não há falsa-modéstia nisso. Apenas uma decisão moral. “Como cantar de outro modo a própria desgraça?”, ele poderia perguntar.

Esse exemplo resume a capacidade que o marido de June Carter tinha de se apropriar de canções alheias ao ponto de torná-las dele. A isso se dá o nome de interpretação. E, de fato, Johnny Cash é reconhecido ao redor do globo como um dos mais importantes intérpretes da música popular norte-americana.

Aos montes de covers que foi erigida a monumental série American Recordings, gravações produzidas por Rick Rubin para o seu selo homônimo. Foi esse projeto o responsável por dar sobrevida a uma carreira tida como encerrada.

Com essa série, Rubin conseguiu a prova definitiva de que não haveria limites para o talento de Johnny Cash. Não importava o gênero ou a popularidade envolvida, o cantor conseguiria destruir rótulos e triunfar com sua personalidade em músicas já consagradas por outros nos ouvidos da multidão.

Com canções retiradas das paradas de sucessos - One, do U2 - ou escavadas do subterrâneo, como Hurt, do Nine Inch Nails, Cash soube incorporá-las em sua trajetória pessoal.

O melhor é que ele não temia refazer canções contidas no templo da música popular. Teve a audácia de remexer em terreno sagrado ao gravar In My Life, dos Beatles.


Com uma nobre alma também tratou todas as canções por igual. Só sua voz ousaria servir como ponte para que Leonard Cohen e Soundgarden caminhassem pela mesma vereda. Do primeiro, gravou Bird on the Wire. Da banda de Chris Cornell, Rusty Cage.

Sua voz era como um milagre. Não diria que agiu como um Midas a transformar tudo em ouro, já que muitas vezes regravou canções que eram por si só tão opulente e brilhante quanto o metal.

Mas ele conseguia o impossível. Tornar ainda melhores canções que já eram imortais. Eu amo as músicas de Tom Petty, mas como não se render à versão de Cash para I Won’t Back Down? E o que dizer dele cantando The Mercy Seat, de Nick Cave?

Dizer que Johnny Cash era um intérprete fenomenal é chover no molhado. A denominação se apequena diante do talento e poder contido em sua voz. É como se a palavra “intérprete” requeresse um novo sentido diante do seu dom. E eu não faço idéia qual seria o termo justo ou ideal.

Só acho que se Deus tem uma voz, ele a roubou de Johnny Cash. Da mesma forma como o cantor roubaste canções alheias para si.

*

Ouça as duas versões de "I Hung My Head":

Sting:


Johnny Cash:

terça-feira, 19 de abril de 2011

Covardias virtuais


Mucho loca mesmo essa nossa vida. Num universo paralelo, dividimos nossos dias entre tropicões (como diria a minha avó) virtuais e a nada mole vida real.

Para o convívio, costumamos escolher as pessoas que tenham características que aprovamos/gostamos/toleramos: caráter, bondade, maldade, esperteza, companheirismo, afeto, etc etc. No mundo virtual, todo mundo acaba fazendo parte da vida de todo mundo. Vide Facebook. É uma bacanal de chips, botões, megabytes, curtir e o escambau.

Ali, a “vida” é bem mais fácil. Se você não gosta dos comentários de uma pessoa sobre a porra do Big Brother, por exemplo, você vai lá e exclui a pessoa. Se alguém começa a publicar muitas merdas, você vai lá e exclui. Ninguém é obrigado a ler asneiras, certo?

A vida virtual é o simbólico. Se você brigar com uma pessoa (seja de porrada ou verbalmente), se desentender com um amigo, terminar um namoro, enfim, se não quer ver fulano nem pintado de ouro, você vai lá e faz o quê? Exclui a pessoa do Face, do Orkut, do Twitter, do Msn, e tudo mais. E tchau. É um ponto final cibernético que sai da tela do computador pra servir como meia palavra que baste.

Mas, tem gente que não é tão bom entendedor, aí a outra pessoa passa a ter um inimigo imaginário. Bom, faz bem exercitar a imaginação... Tem gente que cria capítulos inteiros de novelas (mexicanas) pensando e lendo nas entrelinhas tudo o que o inimigo imaginário escreve...

Seria tão fácil se a gente viesse com um botão excluir e um adicionar. Tira a pessoa da vida ou insere ela no cotidiano sem precisar falar nada, assim: click!. Sem maiores complexidades que a vida social cara a cara exige. Uma covardia.

Por outro lado, excluir alguém do Facebook não é crime e não faz sangue escorrer. Essa é a parte boa do simbólico. A internet é uma coisa boa, meus filhos. Santa rede de cada dia!

O Trabucada, por exemplo, está sendo usado agora por mim pra expressar uma opinião e uma viagem que certamente eu não conseguiria concluir se estivesse falando numa roda de amigos, por exemplo. Primeiro porque eu não falo muito, depois porque tenho um sério problema de perder a linha do raciocínio quando falo, e isso piora quando é 3h da madruga (horário em que foi escrito este texto) e a pessoa aqui passa mal de comer leite em pó com adoçante em pó. (Pronto, quebrei o raciocínio até escrevendo... não precisava escrever isso, mas é que não quero fazer tipo, pelo menos neste texto... e acabei fazendo tipo).

Nas redes sociais, assim como na vida de verdade verdadeira, todo mundo faz tipo. Tem o tipo “sincero e destemido”, o tipo “legal com todo mundo”, o tipo “sou linda e gostosa”, o tipo “eu pego todas”, o tipo “sou muito culto”, o tipo “entendo tudo de futebol” etc etc e blablablá. A diferença é que no mundo virtual você consegue disfarçar por um tempo mais longo que fora do PC. A não ser que você seja muito bom ator...doado.

Aonde eu quero chegar com isso tudo? Talvez a vários pontos que ainda nem mesmo eu saquei. Pra fazer um final bonito: não dá pra ser inteiro na internet. Mas dá pra eliminar algumas perdas de tempo...

Obs.: No meu perfil pessoal do Facebook eu só adiciono pessoas conhecidas. Mortais podem adicionar meu perfil de trampo (Talita Rustichelli). Se quiserem. Se não quiserem, não preciso ficar sabendo, né...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Rock com cara e vontade

* por Guilherme Tavares
 

Quatro anos depois do último álbum, o grupo norte-americano Foo Fighters mostra fôlego e consistência em uma obra cheia de personalidade. Wasting Light, prometido para chegar às lojas no próximo 12 de abril, é um presente virtuoso para os fãs e forte candidato a figurar como um dos discos do ano na maioria das listas dos críticos de música.

Para ouvir Wasting Light seria mais interessante olhar para ele não como uma obra destacada, isolada. Não basta dar play. O álbum fala muito mais se observado dentro de um contexto, com outros conceitos que a banda construiu para esse lançamento.

Primeiramente, a banda estava “encostada”. A maior parte dos integrantes se dedicou nos últimos anos a projetos paralelos. O último trabalho do Foo Fighters, Echoes, Silence, Patience & Grace (2007), conquistou um Grammy, mas não era comparável ao antecessor In Your Honor (2005), um dos melhores de toda a trajetória.

Foi então que Dave Grohl, vocalista, juntou-se novamente com Butch Vig, lendário produtor de Nevermind (1991), do Nirvana, para começarem a pensar o novo álbum. Decidiram gravar tudo na garagem de Grohl. O trabalho desenrolou em meio às atividades domésticas do líder da banda, que tinha de brincar com as filhas entre uma mixagem e outra. Dispensando toda a parafernália tecnológica, queriam recorrer a velhos recursos, recuperar um pouco do passado de cada um. Jogaram as tralhas para os lados, abriram espaço e começaram a trabalhar da maneira mais primitiva que uma banda pode fazer.


Todo o disco foi gravado em sistema analógico, em fita magnética, para soar mais old school. Com menos recursos tecnológicos, deixaram sobressair aquilo que o Foo Fighters sempre teve de melhor a oferecer: músicas cheias de motivação, energia, com letras que falam de honra, confiança, orgulho.

O conceito extravasou o disco e chegou aos dois clipes lançados pela banda até o momento. White Limo e Rope são mostras de que a banda realmente abriu mão de muita perfumaria. No lugar de películas e recursos de iluminação de fazer inveja a muitos vencedores de Oscar, há câmeras trêmulas, iluminação natural altamente contrastante, cortes grosseiros, matizes de câmeras amadoras. O conteúdo suprimindo a forma.



É óbvio que a agenda de shows já conta com pelo menos trinta mega-apresentações neste ano, de abril a agosto. Mas as primeiras execuções do disco foram feitas de surpresa, em pubs e bares pequenos dos Estados Unidos – shows que a banda anunciava via Twitter apenas minutos antes. Na sequência, ainda vão lançar um documentário sobre os 16 anos de carreira, intitulado Back And Forth. Grohl já adiantou que há trechos constrangedores, para todos os integrantes.

Essas ideias que permearam as ações pré-lançamento ajudam a entender o conceito do álbum. O disco tem mais pauleiras, oscila com algumas baladas (em menor número do que nos últimos trabalhos), se equilibra melhor durante sua execução. Como declarou o próprio Dave Grohl, Wasting Light seria o disco mais pesado da história da banda. O álbum carrega canções mais hard rock, porém, mesmo nessas, é possível identificar características sonoras típicas da banda, uma identidade musical cunhada ao longo de anos de estrada. Baita sonzeira de garagem.

White Limo tem berros, guitarras super velozes, um som que lembra bastante algumas das canções do disco de estreia da banda, como Weenie Beenie, quando a veia grunge ainda saltava forte. Outra porrada sonora é Rope, que tem a função de manter o disco em alta depois da explosiva abertura com Burning Bridge, uma das melhores do disco, candidata a hit inesquecível no coração dos fãs.

Dear Rosemary e Arlandria são aquelas canções com refrões fortes, que grudam na mente, assim como A Matter Of Time, todas músicas com arranjos bem feitos e ótimos backing vocals. These Days é uma das mais emotivas, a mais “baladinha”. O nível de tensão oscila entre as faixas até atingir o clímax com a melancólica I Should Have Known, música que Grohl escreveu em homenagem a Kurt Cobain – uma canção emotiva, uma letra cheia de ressentimento e memórias. O trabalho termina ao melhor estilo com Walk, em alta, acordes maiores, uma das músicas mais bonitas já feitas pela trupe.


Na avaliação final, o disco tem unidade e mostra personalidade. Menos tecnologia não significou menos qualidade. Ao contrário, fazer um rock mais pesado, cru, sobressaiu o que o Foo Fighters tem de melhor sonoramente. Isso faz firmar a banda como uma das principais da década de 1990 ainda em atividade, dando mostras que ainda tem muito fôlego e vontade de fazer trabalhos empolgantes, apesar dos integrantes todos serem quarentões. Presenteou os apreciadores de rock com um disco que vai marcar 2011 e com potencial para ser considerado um dos melhores de todos os tempos, capaz de brigar de igual com o poderoso The Coulour And The Shape (1997).


* Guilherme Tavares é jornalista, corintiano, tem 25 anos e mora em Bauru-SP. Gosta de cerveja, futebol, Foo Fighters, rock e carros, nessa ordem.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Idéias debaixo d’água, como anotá-las?

Para Monique. Sem ela este texto não seria escrito (sim, podem culpá-la por isso)

Como nascem as idéias? Sempre considerei que o método diz muito a respeito do trabalho artístico. Portanto, responder a essa pergunta já significa conhecer um pouco do talento de alguém, vislumbrar sua genialidade ou mediocridade.

Para se inspirar, o escritor Ernest Hemingway gostava de se meter em encrencas. Entre suas preferências, constava: se embriagar, caçar e enfiar-se no meio de guerras civis. Seu gosto por esportes como boxe e tourada também já entreviam o estilo viril de sua escrita. Cheio de “cojones” como ele mesmo diria.

Charles Bukowski escrevia numa velha máquina, trancafiado sozinho num quarto pequeno e imundo. Ao som de qualquer rádio que tocasse música clássica, Mahler de preferência, e abastecido por cerveja gelada e vinhos baratos ele destilava sua prosa nua e crua sobre os dissabores da existência humana.

Hunter Thompson escrevia sob a influência de motos envenenadas ou alucinógenos, Henry Miller se motivava por uma vida de promiscuidades em Paris... Todos os exemplos citados comprovam a teoria: um método peculiar gera também um trabalho incomum. Uma maneira pessoal de criar denota uma personalidade forte por trás da criação.

Do lado negativo, podemos dizer que manias excêntricas ou escrotas conseqüentemente são capazes de gerar uma arte igualmente bizarra. Assim, não por acaso Ed Wood era considerado o pior cineasta de todos os tempos. Para escrever roteiros, ele se vestia de mulher (com peruca, casaco de angorá e saiotes e todo o resto). É claro que um indivíduo nunca faria um “Cidadão Kane” com essa fonte de inspiração.

Para além do bem e do mal, creio que nunca deixarei o hall dos medianos. Minha escrita tosca e insossa explica-se pela sua nascença de pouca classe e estilo. Todas minhas idéias nascem debaixo d’água.

Não, não banco o César Cielo, Jacques Cousteau nem Esther Williams para clarear as idéias. Se assim fosse, teria chance de ser um Norman Mailer ou Ed Wood. Não há nada de excêntrico, sequer peculiar ou corajoso em ter inspirações debaixo do chuveiro. No fundo, isso me parece até um método bastante batido, um clichê, no ato da inspiração criativa.



Minhas melhores e piores idéias nasceram durante um banho. A vontade de escrever aumenta quando estou recebendo um jato de água na cabeça. A razão para isso talvez seja um indício de que meu cérebro só funciona no tranco, com pancadas de água gelada. Ou ainda que testemunhar diariamente um sabonete recheado de pêlos, com a aparência de um mini-urso, instiga as idéias mais mórbidas.

Eu costumava achar que a inspiração no chuveiro surgia como um mecanismo de defesa. Primeiro porque sou um cara preguiçoso. Segundo porque deste modo, tendo idéias no chuveiro quando você é incapaz de anotá-las, forja a desculpa perfeita para não colocar as idéias no papel simplesmente para evitar a fadiga. São hipóteses, vai saber...

Até poucos dias atrás, escrever no chuveiro era apenas um desejo proibido. Mais ou menos como aquele impulso transgressor que move um cachorro ao defecar no quintal tão breve a diarista termina de lavar o local. As idéias ocorriam no chuveiro, e lá eu tinha que terminar o banho correndo, todo ensaboado, para anotá-las em algum canto.

Mas meus dias de cachorro ficaram para trás. Porque agora eu tenho um bloco de notas aquático. Ou melhor, um bloco à prova de água. Não sei quem teve a idéia para tão brilhante criação ou se o dono da patente é o Bob Esponja, Aquaman ou a pequena sereia.



Para o resto da humanidade, um bloco à prova de água pode ser visto como um objeto apenas curioso ou simplesmente inútil. Já para um imbecil como eu, é puro ouro. Para alguém que sofria com as idéias fugindo pelo ralo, ganhar um bloco desses é como sentir-se um super-herói. Indestrutível!

Óbvio que um instrumento genial desses em minhas mãos é mais ou menos como Deus dar um pau grande para um portador de impotência sexual. Muito mais útil seria se ele existesse nos tempos de Herman Melville. Já imaginou ele escrevendo Moby Dick in loco com seu bloco indestrutível num barco minúsculo em mar turbulento?

Mas não vamos lamentar a má-sorte de autores mortos. Enquanto meu bloco aquático durar, minhas idéias não mais escaparão pelo ralo, caro leitor. Para a minha sorte ou o seu azar. Deal with it!

domingo, 27 de março de 2011

2011: para onde vai o rock?


Os anos 90 e 00 tiveram uma característica em comum no cenário rock mundial, ambas as décadas começaram com uma espécie de “movimento”, constituído de bandas não muito semelhantes entre si, mas que acabavam entrando, por um motivo ou por outro, no mesmo caldeirão. E com o decorrer dos anos os rótulos iam se desintegrando até que tudo se bagunçava para o início da década seguinte.

Movimento não seria a palavra, mas sim um subgênero dentro do rock, esse foi o caso do grunge nos anos 90, com Nirvana, Pearl Jam, Alice In Chains, Soundgarden etc. Nos anos 00 esse agrupamento não teve um rótulo forte (forte?!) como o grunge, mas Strokes, Franz Ferdinand, Kings Of Leon, The Killers, Bloc Party entre outros eram frequentemente chamados de bandas do “Novo Rock”.

É claro que essa é uma análise simplista, pois a década de 90, por exemplo, não se resumiu às bandas grunge. O estouro do Nirvana trouxe consigo vários grupos de rock alternativo, que antes não tinham a menor visibilidade. Em meio a tudo isso teve o Radiohead, que começou sutil, mas tomou proporções enormes. E antes da fase Kid-A, arrebanhou dezenas de bandas com sonoridade similar. Isso tudo sem falar no Britpop.

Agora estamos em 2011, o que vem por aí? Difícil dizer, mas é possível arriscar alguns palpites. Com o lançamento do mediano Angles, do Strokes, muito tem se falado sobre o “novo Strokes” (há um tempo o termo era “Novo Nirvana”) The Vaccines. Banda inglesa que tem sido muito comentada mundo afora. O primeiro disco, com o sugestivo e bem sacado nome “What Did You Expect From The Vaccines” é uma paulada, musicas curtas e diretas com letras colegiais. Lembra Ramones, Joy Division, Jesus & Mary Chain. Tudo tem cara de “já ouvi em algum lugar”, mas hoje em dia não estou muito certo se isso é realmente um problema.

O jornalista Lúcio Ribeiro, da Popload falou recentemente em algo como um neo-grunge. O que, acredito que de alguma forma, tenha ligação com os recentes ressurgimentos de Stone Temple Pilots, Alice In Chains e Soundgarden. Isso sem falar no disco que o Foo Fighters lança logo mais, com produção de Butch Vig (que produziu o Nevermind, conhece?) e outros indícios que apontam uma volta às raízes.

Essa tal nova geração do grunge surge lentamente com Cage The Elephant, Dinosaur Pile-Up e Yuck, citados também na Popload. Essa última com forte influência de Sonic Youth. As três com discos bastante interessantes.

Pode ser que nenhuma dessas bandas realmente vingue, enquanto isso não se define, continuamos na busca de um novo Nirvana, ou um novo Strokes, ou alguma banda que simplesmente torne o rock do início da década mais interessante. Apostas? Ponha na roda.






sábado, 26 de março de 2011

Trabucast 0# - O Piloto

todos empolgadíssimos com o papo


Você não aguentava mais ler? agora você também pode ouvir. O Trabucast é o nosso podcast que, se tudo correr bem, será gravado e postado no blog semanalmente. 

Por que resolvemos fazer? a resposta está nesse piloto, mas basicamente porque... deu vontade. O que tem nele? fatos relevantes, pelo menos para nós, e comentários sobre as postagens do blog, tudo no mesmo estilo (ou falta dele) que você vê por aqui. Quem está envolvido? Bem, nessa edição zero, estamos eu (Eduardo), Clemerson e Diego (Tião), mas esperamos que a Talita faça parte também, até vamos criar a tag #participatalita no twitter, o TT mundial nos aguarda (ahãm, senta lá). A edição é do Clemerson

Esse piloto é... bem, um piloto. Então tudo está em fase de teste ainda, tudo meio cru, mas não espere nada muito emperequitado nos próximos.

Os assuntos de hoje são:
                                              




Para baixar o Trabucast, basta clicar onde se lê DivShare. Divirta-se, ou não.