terça-feira, 12 de abril de 2011

Rock com cara e vontade

* por Guilherme Tavares
 

Quatro anos depois do último álbum, o grupo norte-americano Foo Fighters mostra fôlego e consistência em uma obra cheia de personalidade. Wasting Light, prometido para chegar às lojas no próximo 12 de abril, é um presente virtuoso para os fãs e forte candidato a figurar como um dos discos do ano na maioria das listas dos críticos de música.

Para ouvir Wasting Light seria mais interessante olhar para ele não como uma obra destacada, isolada. Não basta dar play. O álbum fala muito mais se observado dentro de um contexto, com outros conceitos que a banda construiu para esse lançamento.

Primeiramente, a banda estava “encostada”. A maior parte dos integrantes se dedicou nos últimos anos a projetos paralelos. O último trabalho do Foo Fighters, Echoes, Silence, Patience & Grace (2007), conquistou um Grammy, mas não era comparável ao antecessor In Your Honor (2005), um dos melhores de toda a trajetória.

Foi então que Dave Grohl, vocalista, juntou-se novamente com Butch Vig, lendário produtor de Nevermind (1991), do Nirvana, para começarem a pensar o novo álbum. Decidiram gravar tudo na garagem de Grohl. O trabalho desenrolou em meio às atividades domésticas do líder da banda, que tinha de brincar com as filhas entre uma mixagem e outra. Dispensando toda a parafernália tecnológica, queriam recorrer a velhos recursos, recuperar um pouco do passado de cada um. Jogaram as tralhas para os lados, abriram espaço e começaram a trabalhar da maneira mais primitiva que uma banda pode fazer.


Todo o disco foi gravado em sistema analógico, em fita magnética, para soar mais old school. Com menos recursos tecnológicos, deixaram sobressair aquilo que o Foo Fighters sempre teve de melhor a oferecer: músicas cheias de motivação, energia, com letras que falam de honra, confiança, orgulho.

O conceito extravasou o disco e chegou aos dois clipes lançados pela banda até o momento. White Limo e Rope são mostras de que a banda realmente abriu mão de muita perfumaria. No lugar de películas e recursos de iluminação de fazer inveja a muitos vencedores de Oscar, há câmeras trêmulas, iluminação natural altamente contrastante, cortes grosseiros, matizes de câmeras amadoras. O conteúdo suprimindo a forma.



É óbvio que a agenda de shows já conta com pelo menos trinta mega-apresentações neste ano, de abril a agosto. Mas as primeiras execuções do disco foram feitas de surpresa, em pubs e bares pequenos dos Estados Unidos – shows que a banda anunciava via Twitter apenas minutos antes. Na sequência, ainda vão lançar um documentário sobre os 16 anos de carreira, intitulado Back And Forth. Grohl já adiantou que há trechos constrangedores, para todos os integrantes.

Essas ideias que permearam as ações pré-lançamento ajudam a entender o conceito do álbum. O disco tem mais pauleiras, oscila com algumas baladas (em menor número do que nos últimos trabalhos), se equilibra melhor durante sua execução. Como declarou o próprio Dave Grohl, Wasting Light seria o disco mais pesado da história da banda. O álbum carrega canções mais hard rock, porém, mesmo nessas, é possível identificar características sonoras típicas da banda, uma identidade musical cunhada ao longo de anos de estrada. Baita sonzeira de garagem.

White Limo tem berros, guitarras super velozes, um som que lembra bastante algumas das canções do disco de estreia da banda, como Weenie Beenie, quando a veia grunge ainda saltava forte. Outra porrada sonora é Rope, que tem a função de manter o disco em alta depois da explosiva abertura com Burning Bridge, uma das melhores do disco, candidata a hit inesquecível no coração dos fãs.

Dear Rosemary e Arlandria são aquelas canções com refrões fortes, que grudam na mente, assim como A Matter Of Time, todas músicas com arranjos bem feitos e ótimos backing vocals. These Days é uma das mais emotivas, a mais “baladinha”. O nível de tensão oscila entre as faixas até atingir o clímax com a melancólica I Should Have Known, música que Grohl escreveu em homenagem a Kurt Cobain – uma canção emotiva, uma letra cheia de ressentimento e memórias. O trabalho termina ao melhor estilo com Walk, em alta, acordes maiores, uma das músicas mais bonitas já feitas pela trupe.


Na avaliação final, o disco tem unidade e mostra personalidade. Menos tecnologia não significou menos qualidade. Ao contrário, fazer um rock mais pesado, cru, sobressaiu o que o Foo Fighters tem de melhor sonoramente. Isso faz firmar a banda como uma das principais da década de 1990 ainda em atividade, dando mostras que ainda tem muito fôlego e vontade de fazer trabalhos empolgantes, apesar dos integrantes todos serem quarentões. Presenteou os apreciadores de rock com um disco que vai marcar 2011 e com potencial para ser considerado um dos melhores de todos os tempos, capaz de brigar de igual com o poderoso The Coulour And The Shape (1997).


* Guilherme Tavares é jornalista, corintiano, tem 25 anos e mora em Bauru-SP. Gosta de cerveja, futebol, Foo Fighters, rock e carros, nessa ordem.

11 comentários:

Diego Assunção disse...

E o Barba faz sombra ao monopólio do Eduardo como crítico musical do blog.

Márcio Anix disse...

ahuahua sem causar intrigas, mas eu voto no Barba.
Em relação ao Post, achei o álbum Foda, a sequência das faixas; Arlandria, These days, Back & Forth e A Matter of time é contagiante, da vontade de correr pra geladeira abrir uma lata cerveja e ficar pulando sozinho. Um álbum cru, com guitarras de "verdade" e não com guitarras que parecem mais som MID de karaokê como o novo do Strokes (Angles).

Eduardo Martinez disse...

Wasting Light é foda mesmo. Compensou toda a espera. Afinal, o Foo Fighters devia um grande album desde There Is Nothing Left To Lose (1999). Ok, o One By One (2002) chega perto. In Your Honor (2005) é irregular, apesar da sensacional Best Of You, se mesclassem as melhores da parte elétrica com as da acústica seria bem melhor. E o Echoes... (2007) é uma grande merda, só se salva The Pretender.

O Wasting Light tem, bem equilibrado, o potencial pop radiofônico já conhecido do Foo Fighters, a influência do peso sujo do Them Crooked Vultures, e a grata e oportuna reaproximação com o grunge, por meio do Butch Vig.

Entre as bandas grandes, por enquanto, Foo Fighters e R.E.M. despontam com grandes albuns em 2011.

Ps: Marcin e Tião, seus provocadores de merda, rs.

Unknown disse...

Porra Du... Aqui é um espaço para COMENTÁRIOS, não para ANÁLISES de disco. Essa você deixa pra mim, afinal EU fui convidado para escrever sobre o disco. auhauhauhau

Marcin, quantas você acha que eu já não tomei ouvindo o disco?

Povo, vamos combinar de tomar uma caixa dia desses em Ata ouvindo Wasting Light. No úrtemo.

Abração!

Diego Assunção disse...

Ok, Hard Times and Nursery Rhymes então não é o melhor álbum do ano? Sua puta.

Eduardo Martinez disse...

Tião:

1 - Que parte de "banda grande" você não entendeu? rsrsrs.

2 - Mesmo assim o Hard Times... não é o melhor do ano, para mim, até agora. Top 5 provavelmente, até agora.

Bomba disse...

Top 5 2011 do Eduardo

5 - Social Distortion
4 - Bandas Indies
3 - Bandas Indies Estranhas
2 - Foo Fighters
1 - Tulipa de Frango

Barba, deixe de ser uma puta mal paga e avise quando estiver na cidade

e pra finalizar, o U2 realmente é o Luan Santana do rock hahahha (contribuição pra deixar o Du puto)

Bomba comentário dois disse...

agora é sério.. Pat Smear fazendo papel de drogado de esquina foi o melhor do clipe hahaha assim como o lemmy kilmister, fazendo o papel da vida real deles.. e sobre a banda, um puta álbum, apesar de não ter ouvido ainda com a atenção devida..a primeira música tem pegada... ainda vou assistir esses caras ao vivo

e Eduardo, sua puta, vou enfiar o One By One no seu rabo próxima vez que vc disser que é um álbum meia boca

Unknown disse...

kkkkkkkkkkkk

Tô me matando de rir na redação! Todos querem saber porquê!!!

Porra, Du, sua puta, o One by One é bom. Melhor que o TINLTL... O próprio Grohl já disse que Learn to Fly é a pior merda que ele já compôs.

Senhores, não aparecerei em Ata por um longo tempo, vou ter de vender um rim para pagar o show do Paul (tudo no crédito). Ou vou ter de me prostituir no Rio para voltar para o Estado de São Paulo. Aí sim serei uma puta bem paga, Tião.

Eduardo Martinez disse...

Blz então, Bomba. seu top 05

1 - Bon Jovi
2 - Black Eyed Peas
3 - Banda de Samba Rock coxinha
4 - Edson e Hudson
5 - Mika Leite

O seu analfa (bomba) não disse que o One By One é meia boca, só disse que é pior que os primeiros.

E barba, se o Grohl não gosta de Learn To Fly é bom aposentar, porque já fez várias do mesmo tipo, rsrsrs. E inclusive ela ficou bem massa no show fodaço que transmitiram online essa semana no Letterman. olha um link http://rodrigojames.com/?p=9508

E barba, vc não vai se arrepender do show do Paul, garanto.

Márcio Anix disse...

Eu acho o One By One o melhor album do FF, apesar de considerar as faixas My Hero e Everlong (The Colour and The Shape) melhores do que qualquer faixa do One By One. A minha preferência dos albuns seria a seguinte:

1 - One by One
2 - There Is Nothing Left To Lose
3 - Wasting Light
4 - The Colour and the shape
5 - In your Honor
6 - FF
7 - Echoes, Silence Patience And Grace